quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Entrevista: Sobre o Amor e o Ódio

Doutora Ana, qual a definição de amor?
Psicólogos sociais recorreram à definição de seis diferentes formas de amar. o amor romântico (paixão, unidade e atração sexual), o amor possessivo (determinado pelo ciúme, que provoca emoções extremas), o cooperativo (nasce geralmente de uma amizade anterior, alimentado por hábitos e interesses comuns), o amor pragmático (comum em pessoas ensinadas a reprimir os seus sentimentos, sendo estas relações desprovidas de qualquer manifestação de carinho), o lúdico (que se baseia na conquista e na procura de emoções passageiras) e o amor altruísta ( pessoas dispostas a anular-se perante o outro.

Considero-o  um sentimento que constrói, liga, compartilha, une, cuida, preserva junto ao(s) outro(s).
É interessante lembrar-nos de grandes personagens amorosos da história: Jesus, Gandi, Madre Teresa, Nelson Mandela: idealistas que por amor curaram, defenderam, sofreram para criar melhores condições de vida, mais alegria, mais dignidade a outro ser humano.



Acredito que não.
O ciúme é normalmente considerado como uma forma de amor, mas na verdade é uma carência, uma baixa-auto estima, insegurança,  desejo de posse. Junto ao ciúme também podemos encontrar inveja: quando não se aceita que o outro pode ser feliz com outras pessoas além de mim.
Aproveitando: paixão também se confunde com amor, porém é desejo físico e psíquico em possuir, usufruir.
O amor verdadeiro é calmo, é um bem querer ao outro de tal forma, que há um regozijo com a felicidade daquele que amo. 
Quando dizem “amor doentio”, pode-se ler: “baixa auto-estima”.
Também existem transtornos psíquicos, em que a pessoa não suporta a rejeição e não aceita a separação, alegando amor...

 
E qual a definição de ódio?
É o fracasso do amor.
Quando se tenta cativar de todas as formas o outro e não consegue e também não aceita frustração. A pessoa sente que todos os seus esforços não foram validados.  E suas projeções (quilo que é difícil aceitar em si mesmo, aquilo que é negado e ainda está escondido no seu inconsciente) no parceiro, amigo, etc., se tornam tão claras, que é muito difícil lidar com elas.
Vários casais que se separam, permanecem ligados pelo ódio. Também é uma forma de se manterem ligados.
Podemos dizer que o ódio acontece quando projeto o pior de mim no outro (projeção negativa), enquanto no amor, projeto o meu melhor (projeção positiva).

 E ele pode causar danos à saúde, ou ao comportamento da pessoa?
O ódio, assim como todas as emoções negativas, causa alteração na produção de hormônios, principalmente cortisol e adrenalina, que podem sobre carregar o organismo, chegando até ao adoecimento dos órgãos.


Normalmente aqueles que sentem ódio, não o escondem. Isso acontece normalmente com aqueles, que sentem raiva.
Mas, qualquer sentimento considerado negativo, é rejeitado pela sociedade. Aprendemos desde criança, que temos que ser educados, a sorrir, dizer obrigado, a elogiar.
Ao apresentarmos o que verdadeiramente sentimos é arriscado,pois podemos  ser recriminados, rejeitados

.
 
Bom doutora, afirmações como "amor e ódio andam de mãos dadas", ou "amor é extensão do ódio e vice-versa" são largamente usadas pelo senso comum. Essas afirmações são verdadeiras?Como disse acima,  são faces da mesma moeda.
Vi muito em minha experiência profissional, a falta de educação emocional: pessoas que não sabiam o que é amar, gostar e que precisaram aprender a reconhecer sentimentos.
São pessoas que vieram de famílias disfuncionais (pais que já apresentavam problemas afetivos: depressão, ansiedade, baixa auto estima, etc.)
Por último, existem casos onde o amor une as pessoas, como uma determinada religião, e ´casos onde o ódio é o elemento de ligação, como o ódio aos judeus que incentivou o nazismo. Afinal, qual dos dois elementos aproxima mais as pessoas? ...`Porque?
O amor altruísta traz o desejo de fazer algo pelo outro ou com o outro para outros.
(Apóstolos de Jesus que criaram o catolicismo...).
O ódio por alguém, o uma crença, que juntos tentam destruir uma outra pessoa ou instituição.
Ex.: Ku Klux klan, Nazismo, destruição das Torres Gêmeas...

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